Conheça um pouco mais
as metodologias do SER

O Instituto SER proporciona um trabalho evolutivo e adaptativo em sua forma e conteúdo. A equipe de profissionais é altamente capacitada e atualizada constantemente através de uma política de treinamento e com experiência no tratamento de pessoas deficientes. Os atendimentos são diários, com orientações e atendimentos às famílias e estende-se para programas de inserção e envolvimento com a comunidade.

Metodologias

ABA

ABA é a sigla de Applied Behavior Analysis, traduzindo; Análise do Comportamento Aplicada, alguns estudos definem a aplicação de ABA para pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista) como uma forma de “aprendizagem sem erro”. ABA enfoca basicamente no reforço dos comportamentos positivos.

A Associação para a Ciência do Tratamento do Autismo dos Estados Unidos reconhece que a terapia ABA é o recurso terapêutico que possui evidência científica suficiente para ser considerado eficiente, assim como a academia nacional de ciências dos EUA, por experiências concluiu que o maior nº de estudos devidamente documentados se utilizou de métodos comportamentais.

Portanto o que seria a “Aprendizagem sem erros”? O aprendizado sem erros envolve o alerta precoce e imediato do objetivo, de modo com que a resposta do sujeito esteja correta. Essas instruções imediatas garantem o sucesso da terapia. Uma vez que o sujeito se encontra familiarizado com o comportamento alvo, a solicitação é sistematicamente diminuída até que o indivíduo consiga responder corretamente. O uso da Análise Comportamental Aplicada voltada para o autismo baseia-se em alguns passos como:

  • Instruções iniciais e imediatas
  • Garantir sucesso
  • Avisos desaparecem com o tempo
  • Capacidade de resposta
  • Diminui a frustração e aumenta a motivação


A terapia ABA envolve o ensino intensivo e individualizado das habilidades necessárias para que a criança seja capaz de adquirir independência e melhorar sua qualidade de vida. Entre as habilidades ensinadas incluem-se os comportamentos, que interferem no desenvolvimento e integração do indivíduo tais como:

1- Comportamentos sociais, tais como contato visual e comunicação funcional;

2- Comportamentos acadêmicos tais como pré-requisitos para leitura, escrita e matemática;

3- Atividades da vida diária como higiene pessoal.

4- A redução de comportamentos tais como agressões, estereotipias, autolesões, agressões verbais, e fugas

Simultaneamente a intervenção comportamental (ABA), habilidades frequentemente são ensinadas em uma situação de uma criança com um educador via a apresentação de uma instrução (ou uma dica), com educador auxiliando a criança através de uma hierarquia de ajuda (chamada de aprendizagem sem erro). As oportunidades de aprendizagem são repetidas muitas vezes, até que a criança demonstre a habilidade sem erro em diversos ambientes e situações. A principal característica do tratamento ABA é o uso de consequências favoráveis ou positivas (reforçadoras).

Concluindo, a terapia ABA consiste no ensino intensivo das habilidades necessárias para que o indivíduo se torne independente. Um dos benefícios do aprendizado sem erros é que diminui a frustração. E ao garantir que os indivíduos respondam corretamente, especialmente durante a aquisição de uma nova habilidade, o aprendizado sem erros pode ajudar a aumentar a motivação e o prazer de aprender.

A intervenção em ABA possui diversos objetivos e pode ser aplicada a qualquer pessoa em qualquer contexto.

Para as pessoas com desenvolvimento atípico, as metas estabelecidas para cada pessoa devem ter como consequência dois grandes objetivos gerais:

1) Aprimorar e/ ou desenvolver novos repertórios comportamentais que ajudarão o indivíduo a melhorar sua interação com o mundo e

2) Minimizar comportamentos inapropriados que podem causar consequências significativas para o mesmo.

Por intermédio disso, é importante que seja estruturada uma intervenção individualizada para sinalizar o que é necessário para cada indivíduo, proporcionando melhor independência e qualidade de vida para a família em geral.

 
Skinner, B.F. (2000). Sobre o behaviorismo. Traduzido por M.P. Villalobos. São Paulo: Cultrix. (trabalho original publicado em 1974)
EIKESETH, S., SMITH, T., JAHR, E., & ELDEVIK, S. Outcome for children with autism who began intensive behavioral treatment between ages 4 and 7: A comparison controlled study. Behavior Modification, 31, 264–278. 2007
SOUZA, A. C. Estratégias de Ensino Naturalísticas: Ensino Incidental. In:SELLA, A. C.; RIBEIRO, D. M. (Org.). Análise do Comportamento Aplicada ao Transtorno do Espectro Autista. Curitiba: Editora Appris, 2018, p. 205-2016.

PSICOMOTRICIDADE

A “Psicomotricidade”, abordagem cientificamente comprovada na educação e tratamento da pessoa com deficiência é atualmente conhecida como uma integração do corpo em movimento, produto de uma relação entre a pessoa e o meio.

A finalidade da psicomotricidade é promover, através de uma ação pedagógica e terapêutica, o desenvolvimento de todas as potencialidades da pessoa com deficiência propiciando o equilíbrio biopsicossocial.

Nesta visão, o papel dos educadores e profissionais clínicos tornam-se essenciais, adquirindo conhecimento de todas essas áreas e da condição em que a pessoa deficiente se encontra, buscando alternativas viáveis e necessárias para o crescimento e desenvolvimento integral, trabalhando atividades específicas que contemplem as suas necessidades.

Em cada ciclo de vida, a psicomotricidade beneficia a progressiva constituição da imagem corporal e estrutura, organiza o esquema corporal e a motricidade se torna cada vez mais equilibrada e coordenada para a execução de atividades e tarefas funcionais. É importante para a pessoa conquistar uma consciência clara do próprio esquema corporal e isso acontece através do movimento, que é a primeira fonte de conhecimento e base sobre a qual se constitui o mundo perceptivo e conceitual.

Com as sensações e os movimentos do corpo, fazendo experiência dos objetos, tocando-os, agarrando-os, mordendo-os, manipulando-os, ela provoca adaptações motoras e mentais que a ajudam a se mover de maneira expressiva, mímica e gestual; portanto, movendo-se melhor, ela consegue adquirir novas adaptações pelas quais se torna capaz de fazer outros gestos, movimentando-se ainda melhor, num processo que não tem fim e no qual se enriquecem e desenvolvem as capacidades motoras e se estrutura a personalidade/subjetividade.

Fátima Iara Abad Sanchez

PECS

O PECS é um sistema único de comunicação alternativa / aumentativa. O PECS foi implementado em todo o mundo, com milhares de pessoas de todas as idades que possui dificuldades cognitivas, físicas e de comunicação.

O protocolo de ensino do PECS é baseado no livro de B.F. Skinner, Comportamento Verbal, e análise de comportamento aplicada do amplo espectro. Estratégias específicas de estímulo e reforço que levarão à comunicação independente são usadas em todo o protocolo. O protocolo também inclui procedimentos sistemáticos de correção de erros para promover a aprendizagem se o erro ocorrer. Dicas verbais não são usados, construindo iniciação imediata e evitando dependência.

O PECS consiste em seis fases e começa ensinando um indivíduo a conceder uma única figura de um item ou ação desejada a um “parceiro de comunicação” que imediatamente contingencie a troca como um pedido. O sistema prossegue ensinando a discriminação de figuras e como juntá-las em frases. Nas fases mais avançadas, os indivíduos são ensinados a usar iniciadores, responder perguntas e comentar.

O principal objetivo do PECS é ensinar comunicação funcional. Pesquisas demonstram que algumas pessoas que utilizaram o PECS também desenvolvem a fala. Outros podem fazer a transição para um vocalizador (SGD).

 

IDALGO, A. P.; GODOI, de J. P.; GIOIA, P. S. Análise de um procedimento de comunicação funcional alternativa (picture exchange communication system).Rev. bras. ter. comport. cogn. vol.10 no.1 São Paulo jun. 2008.
NUNES, D. Introdução. In: MANZINI, E. J. et al. Linguagem e comunicação alternativa.1. ed. Londrina: ABPEE, 2009. p. 1-8.
VON TETZCHNER, S. Suporte ao desenvolvimento da comunicação suplementar e alternativa. In: DELIBERATO, Débora; GONÇALVES, de M. J.; MACEDO, de E. C. (Org.). Comunicação alternativa: teoria, prática, tecnologias e pesquisa. São Paulo: Memnon Edições Científicas, 2009. p. 14-27

CURRÍCULO FUNCIONAL

O Currículo Funcional Natural (CFN) viabiliza o desenvolvimento das habilidades essenciais, a participação em vários ambientes de maneira integrada. Apresenta a conduta para o sujeito participar da vida social e independência, contando com a família e profissionais, é uma abordagem em que o método se adapta à pessoa e não a pessoa ao método; são uma genuína alternativa para o ensino de pessoas com autismo e outras limitações por ter sua concepção pedagógica baseada em ideias humanistas; não se prende ao diagnóstico, mas está centrado no sujeito, visto como uma pessoa que possui desejos e é capaz de se comunicar e fazer suas escolhas; abrange todos os contextos de vida: escola, comunidade, família e trabalho.

O CFN surgiu após pesquisas, foi constatado que o Currículo Funcional Natural possibilita novas adaptações e oportunidades ao indivíduo que apresenta dificuldade ou necessidade diferenciada de se desenvolver de acordo com suas deficiências. As estratégias acontecem no sentido da organização curricular para apoiar os indivíduos com dificuldades no processo de ensino aprendizagem.

Sua proposta é a melhoria no processo de ensino aprendizagem, e como meio para auxiliar as pessoas com necessidades especiais a relacionar-se com o mundo ao seu redor. O objetivo dessa perspectiva de organização curricular é o de desenvolver os indivíduos e suas capacidades sensoriais, perceptivas e emocionais como sendo o primeiro passo imprescindível para favorecer o crescimento das outras áreas do comportamento humano.

Possibilitar o desenvolvimento das capacidades cognitivas, através do conhecimento do ambiente por parte do indivíduo, condições para fixar estímulos, estabelecer relações significativas de causa-efeito, compreender os fenômenos essenciais de seu meio e resolver os problemas cotidianos que lhe são apresentados.

A organização do currículo necessita dar ênfase no cotidiano da vida do indivíduo e de todos os envolvidos. Escola, educadores, profissionais e familiares deverão colaborar para que os educandos desenvolvam o máximo de suas potencialidades

Os procedimentos de ensino para realização do Currículo Funcional Natural que são elaborados pelo educador para que ocorra a aprendizagem que são:

1. O educador deve ensinar com entusiasmo e motivação.

2. O tom de voz e a linguagem usada com o aluno devem ser o mais natural possível, sem gritos e tons muito altos.

3. As habilidades do aluno devem ser mais enfatizadas que suas fraquezas. O “não” deve ser pouco usado, priorizar os elogios.

4. A atenção do aluno deve ser garantida antes de ser dada uma ordem ou fazer um pedido.

5. As ordens dadas devem ser claras.

6. As ordens dadas devem ser apenas aquelas indispensáveis.

7. As ordens não devem ser repetidas mais de duas vezes.

8. Deve ser dado um tempo suficiente para a resposta do aluno.

9. O educador deve manter-se calmo.

10. O educador deve brincar e interagir como um amigo com seu aluno.

11. Elogios devem ser descritivos, quando necessário. Ajudas físicas devem ser evitadas, de forma a dar ao aluno a oportunidade de fazer sozinho.

12. Os interesses do aluno devem ser aproveitados para ensino de novas habilidades.

 

SUPLINO, M. Currículo Funcional Natural: guia prático para a educação na área de autismo e deficiência mental – Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência; Maceió: ASSISTA, 2005. P.: 21 cm. (Coleção de Estudos e Pesquisa na Área da Deficiência; v. 11.).
BARIVIERA, Diomara Nack. O Currículo Funcional Natural, para o desenvolvimento cognitivo de alunos com deficiência intelectual do Ensino Fundamental – Anos Iniciais. In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Os Desafios da Escola Pública Paranaense na Perspectiva do Professor PDE: Produção Didático-pedagógica, 2014. Curitiba: SEED/PR., 2016. V.2. (Cadernos PDE). Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2014/2014_
uel_edespecial_pdp_diomara_nack_bariviera.pdf
. Acesso em: 26/11/2020. ISBN 978-85-8015-079-7
TEACCH (Treatment and Education of Autistic and related Communication-handicapped Children), em português significa Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficits relacionados com a Comunicação. Essa intervenção foi elaborada com o objetivo de melhoras as habilidades sociais, comunicativa, afim de diminuir os comportamentos inadequados e apresentar uma qualidade de vida. Essa Intervenção foi elaborada com o objetivo de auxiliar a preparar as crianças para viverem ou trabalhar de forma mais autónoma possível. Realça-se a ajuda a pessoas com autismo e às suas famílias, para assim reduzirem os comportamentos mais particulares do TEA. As práticas utilizam uma avaliação denominada PEP-R (Perfil Psicoeducacional Revisado) para avaliar a criança e determinar seus pontos fortes e de maior interesse, e suas dificuldades, e, a partir desses pontos, desenvolver o programa individualizado. Baseiam-se também na adaptação e estruturação do ambiente para facilitar a compreensão do indivíduo em relação a seus locais sociais (casa, escola, trabalho e etc.). Por meio da organização do ambiente e das tarefas de cada um, as estruturações adaptadas visam o desenvolvimento da independência do sujeito possibilitando-lhe ocupar grande parte de seu tempo de forma independente. Uma compreensão mais aprofundada do sujeito e das ferramentas de que o terapeuta dispõe para lhe dar apoio, cada terapeuta pode adaptar as ideias gerais que lhe serão oferecidas ao espaços necessários e aos recursos disponíveis, e até mesmo às características de sua própria personalidade, desde que, é claro, compreenda e respeite as características próprias de cada um.  
Callahan K, Shukla-Mehta S, Magee S, Wie M. ABA versus TEACCH: the case for defining and validating comprehensive treatment models in autism. J Autism Develop Disord. 2010;40:74-8.
FONSECA, Maria Elisa; CIOLA, Juliana de Cássia. Vejo e Aprendo: Fundamentos do Programa TEACCH. O Ensino Estruturado para Pessoas com Autismo. 1° edição. Book Toy, 2014.

A Integração Sensorial de Ayres®️ .

A Integração Sensorial é um processo neurobiológico que promove a capacidade de processar, organizar, interpretar sensações e responder de maneira apropriada ao ambiente.

Permite que os sentidos forneçam informações acerca das condições físicas do corpo e do ambiente e, portanto, possibilita à criança experimentar o corpo nas ações e nas atividades do dia-a-dia.

Em contraste, a Disfunção de Integração Sensorial é uma desordem na qual a informação sensorial não é integrada ou organizada adequadamente no cérebro. E pode produzir vários graus de problemas no desenvolvimento, no processamento da informação, no comportamento e na aprendizagem tanto motora quanto conceitual.

A práxis, capacidade de idealizar, planejar e executar as ações, também pode estar comprometida. O desenvolvimento da práxis é um dos objetivos da Integração Sensorial, que favorece a capacidade prática de realizar as atividades da vida diária como: alimentação, vestuário, higiene pessoal, brincar, atividades escolares e participação social, entre outras.

A avaliação e o tratamento de Integração Sensorial são realizados por terapeutas ocupacionais e os objetivos são: prover experiências sensoriais, auxiliar a criança na inibição e/ou modulação da informação sensorial; organizar a criança no processamento de respostas mais adequadas aos estímulos sensoriais; e promover oportunidades para o desenvolvimento de respostas adaptativas cada vez mais complexas.

Os procedimentos de Integração Sensorial são delineados para alcançar as fundações sensoriais e motoras que ajudam a criança a aprender novas habilidades mais facilmente. Incorporando necessariamente o interesse e motivação da criança, o terapeuta ocupacional desenvolve a intervenção num contexto de brincadeiras, que envolve cuidadosa seleção das experiências sensoriais (toque, movimento, sensações musculares e articulares), planejada individualmente para cada criança, com desafios “na medida certa” com encorajamento, empatia, motivação e que conduzam a organização da criança e, portanto, de seu sistema nervoso.

Fonte: Associação Brasileira de Integração Sensorial

 

Autismo e integração sensorial

Evidências científicas atuais (2019) trazem considerações relacionadas à integração sensorial e TEA. Nesse estudo, os postulados propostos pela terapeuta ocupacional Jean Ayres que abarcam registro, modulação e motivação no transtorno do espectro autista foram correlacionados com a neurociência.
Algumas percepções sobre TEA e a integração sensorial apresentadas são:

  • Pessoas com transtorno do espectro autista podem não registrar informações sensoriais devidamente e, por isso, alocar a atenção de maneira distinta das outras crianças;
  • Podem ter dificuldade em modular a entrada sensorial, apresentando hiper ou hipo responsividade a estímulos sensoriais;
  • Envolvimento do sistema límbico (relacionado à regulação das emoções) e dos núcleos vestibulares como o registro sensorial;
  • Baixa motivação (“inner drive”) para se engajar em atividades intencionais;
  • Estruturas do tronco cerebral estão relacionadas ao comprometimento motor e sensorial;
  • Ayres identificou amígdala como uma região do cérebro envolvida como o registro sensorial;
  • Estudos encontraram hiperativação da amígdala diante de demandas de contato visual;
  • Ayres descreveu o esquema corporal como uma parte importante do planejamento motor e motivação para as atividades intencionais;
  • Múltiplas deficiências no processamento sensorial, incluindo déficits de motivação, dificultam o desenvolvimento motor no TEA.

 

Referência:
Kilroy, E.; Aziz-Zadeh, L.; Cermak, S. Ayres Theories of Autism and Sensory Integration Revisited: What Contemporary Neuroscience Has to Say. Brain Sci. 2019, 9, 68.